De plot twist em plot twist 2025 vem ai!

Reviravoltas. Acontece o tempo todo e cada vez mais nesse mundo de recortes digitais oportunos que servem de ensejo para propagarmos opiniões sem ponderação. Histórias enviesadas, incansavelmente propagadas por algoritmos que não foram programados para considerar o quanto precisamos de pontos de vista contrários para retomar a lucidez e a humanidade. 

Nos últimos dias, mudanças drásticas de acontecimentos ou narrativas fizeram parte do que consumi de conteúdo.  Teve de tudo: a mãe que não reclamou privilégios para a birra do filho como muitos julgaram no episódia da moça do avião; o líder exemplar que ajudou construir a maior marca do país e, em sua despedida, teve exposto o mau uso do cartão corporativo; a atriz latina injustamente citada como nepo baby e "apenas" comediante talentosa, ser consagrada pela crítica cinematográfica, ofuscando atrizes mundialmente reverenciadas com uma atuação dramática genial; teve também a super produção do momento que viu o herói protagonista perder destaque para e ex namorada “sem relevância” na trama. Ainda sobre cinema, a arte responsável pela criação do recurso plot twist, é impossível não citar a série Disclaimer com uma guinada importantíssima para promover reflexões em torno, de novo, do julgamento da mulher. Com uma história de uma mãe “cheia de defeitos” sem direito ao prazer e também sobre a cegueira de outra mãe incapaz de ver sombras em seu filho, a narrativa surpreende e choca mais quando, ao final, um marido se vê aliviado pela tragédia da esposa não ser a vergonha dele.

É! Não restam dúvidas de que por onde coloquei as lentes recentemente nada aconteceu como estava previsto. 

Sabemos, na vida ou na arte, mudanças completas de rumo tornam as histórias muito mais atraentes. O feitiço se dá porque na grande maioria dos dias nossa vida é banal e previsível. Tudo fica melhor, mesmo quando trágico, com mudanças repentinas de rumo. 

Isso me faz pensar em possíveis  reviravoltas para 2025. O ano da serpente no horóscopo chinês bem que podia apresentar alterações improváveis. Justo ela, a cobra traiçoeira, reservada e misteriosa que sugere renascimento e renovação foi logo agraciar nossos próximos 365 dias… Nenhum outro animal estaria tão apropriado para insinuar os revezes que poderemos protagonizar. 

Vai que, já de véspera, ao invés de passarmos a noite de Natal postando fotos com predominância de cores vermelha e verde, a gente escolhe ouvir (de verdade) o que a companhia ao lado  aprendeu de mais importante no ano que está acabando… Imagina se esse infinito de horas que gastamos hoje com rolagem de coisa alguma no celular a gente resolve usar pra aprender mais sobre saúde mental,  uma questão atual grave que ainda não se tornou prioridade nas escolas e muito menos nos ambientes profissionais em sua maioria insalubres.  Que tal a gente voltar a não se vestir igual, se barbear igual ou ter o mesmo volume, forma e pigmentação nos lábios? Talvez uma mudança repentina em nossas constantes e cruéis críticas  de arquibancada seja ideal para o ano da cobra que sugere cautela e aprofundamento. Sair do julgamento e entrar na peleja junto seria, sem dúvida, a maior de nossas reviravoltas. Um plot twist e tanto!

Em 2025 desejo a nós muitos outros reversos. Quero o nascimento da crença de que podemos envelhecer sem perder capacidade e potência. Anseio pela diminuição “do nada”em nossa intolerância generalizada e também por mais humor e leveza nas relações. Espero ver nossas mágoas acumuladas se transformando, de repente, em perdão, ver nossos ideais de beleza voltando a ser autênticos e todos esses amores líquidos saindo de moda, bem na hora que a gente desacreditar ser possível ainda querer alguém por perto depois que a paixão arrefecer.

Com  histórias e narrativas improváveis, de plot twist em plot twist o ano que vem pode sim ser um grande ano e a estatueta do Oscar dessa vez vir pro Brasil. Um plot que amorosamente chamarei de 1999.