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Manual Prático para Não se Achar Demais

  • Foto do escritor: Rejayne Nardy
    Rejayne Nardy
  • 9 de nov.
  • 2 min de leitura

(e Continuar Sendo Subestimada)



foto de selfie da autora

Comece pelo habitual: quando fizer algo incrível, finja que foi sorte. Diga: “imagina, foi só um projetinho.” Enquanto isso, homens chamarão de “case de sucesso” o PowerPoint apresentado na reunião semanal de terça de manhã.


Nunca poste uma selfie em que esteja se achando bonita.

Se for casada, vão achar que o casamento acabou. Se for solteira, que está caçando. Se for mãe, que surtou. Se for tudo isso junto, parabéns — você já é a principal pauta no grupo do condomínio.

Guarde suas vitórias na gaveta invisível da modéstia. Não vá postar nada — vai que alguém ache que você está “se promovendo”. Homem faz um curso de dois dias e já é “inspirador”. Mulher com pós e doutorado é “carente de validação” ou “está querendo mudar de emprego”.


Na dúvida, se anule. Não manifeste suas ideias e opiniões em público. Tudo seguirá como sempre: o algoritmo não liga, e os julgadores de plantão — ah, esses — sempre arrumarão alguém pra julgar.


A síndrome da impostora é uma condição sorrateira em mim, nas minhas amigas, nas minhas colegas de trabalho... Não é exclusiva das mulheres, mas sem dúvida somos mais suscetíveis — por motivos (sabemos bem) históricos, sociais e culturais. Fomos socializadas para evitar parecer arrogantes, ambiciosas ou “mandonas”. E disso, muito já se fala por aí. Mas o que pouco se conversa é como isso toma conta da nossa confiança e transforma o simples em dilema. Mantém a gente comportada, calada, autocensurada. Ninguém precisa nos diminuir — a gente faz isso por conta própria. Com perfeição.


Mas e se, só por curiosidade, a gente parasse de pedir desculpa por ser boa? E se, no lugar da modéstia automática, viesse um “sim, eu mereci”? E se postar uma selfie fosse só… postar uma selfie — sem manual de intenções, sem “biscoitagem”, sem legenda defensiva, sem culpa?


E se deixássemos de ser: a mulher promovida que acha que foi sorte, a profissional que não compartilha seus projetos com medo de parecer arrogante, ou a mãe que sente culpa por ter ambições?


E se, de repente, admitíssemos que o mundo segue cheio de gente mediana sendo aplaudida… simplesmente porque as pessoas excepcionais ainda estão com medo de se mostrar?


A verdade é simples: não falta talento. Falta permissão.

Permissão pra ocupar, pra brilhar, pra se achar —sem pedir licença, sem dar explicação.

Porque mulher que se acha demais é só uma mulher que parou de se esconder e que, finalmente, se enxergou.

 


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